São Paulo — Um vídeo feito com celular flagrou um policial militar em serviço agredindo e apontando uma arma de fogo contra o rosto de um homem (assista abaixo), quando ele já estava rendido, com as mãos para trás, e encostado em um muro. o episódio ocorreu durante uma abordagem da PM em uma viela paulista.
O registro foi encaminhado ao Metrópoles anonimamente, sem detalhar a data e localização da violência policial. A Polícia Militar e a Secretaria da Segurança Pública (SSP) foram questionadas e notificadas sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestações.
Segundo o vídeo, um policial de boina insinua que o provável suspeito, acompanhado de mais três homens, estaria envolvido com o tráfico de drogas.
Após alguns instantes, o PM dá um tapão no rosto do homem, afirmando “não gostar de mentiroso” questionando em seguida quem estaria no “movimento” (tráfico de drogas).
“Quer continuar apanhando, você não é homem, é moleque, sou dou tapa na cara de moleque. Pega a arma que eu vou matar ele”, afirma o policial, que chama novamente o abordado de moleque, enquanto encosta a arma no rosto dele “tem que ser na cara [o tiro] para estragar o velório”, ameaça.
O PM segue falando de forma violenta com o abordado, sem deixar de encostar a arma no rosto dele, até a testemunha se ocultar atrás de um muro e o registro ser interrompido.
Vídeo
Outro caso
Na segunda-feira (24/2) outro homem foi agredido com socos por PMs, em uma abordagem em Campinas.
Como o Metrópoles mostrou, policiais agrediram o homem abordado alegando a necessidade do “uso de força moderada” para contê-lo.
Porém, testemunhas registraram o momento em que o abordado está cercado por PMs, que o socam e derrubam no chão, contrariando a alegação dada pelos policiais.
A SSP afirmou, em nota, que a Corregedoria da PM “está à disposição para o registro de denúncia sobre a conduta dos agentes”.
Violência policial
O novo ouvidor das Polícias de São Paulo, Mauro Caseri, diz que o crescimento da violência policial é o principal desafio a ser encarado durante os próximos dois anos. No último dia de janeiro, números divulgados pela própria Secretaria da Segurança Pública (SSP) mostram aumento de 70% de mortes pela Polícia Militar (PM) em 2024 em comparação com o ano anterior.
Caseri foi chefe de gabinete do ouvidor antecessor, o professor Claudio Silva, que esteve à frente do órgão durante os dois primeiros anos da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), marcados na segurança pública pelas operações Escudo e Verão, que deixaram rastro de sangue na Baixada Santista, com mais de 100 mortes.
Caseri foi o último colocado em uma lista tríplice apresentada para Tarcísio, que o indicou para o comando da Ouvidoria.