São Paulo — A Polícia Militar de São Paulo realiza uma ação na Favela do Moinho, no centro da capital paulista, nesta sexta-feira (18/4). Registros mostram viaturas e policiais armados com fuzis andando pelas ruas do território. Em reação, os moradores atearam fogo em objetos, bloqueando o funcionamento de linhas da CPTM. Veja:
“Nem na sexta-feira santa, os moradores da Favela do Moinho têm paz. Desde ontem, várias viaturas da PM estão estacionadas na entrada da favela e cercando o entorno com cones, aterrorizando os moradores dizendo que vai haver uma reintegração de posse, mesmo sabendo que isso não é possível, já que o terreno é da União. Estamos atentos, mobilizados e não aceitaremos intimidações. Favela do Moinho resiste!”, publicou um perfil de moradores do território no Instagram.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não esclareceu o motivo da ação policial no território até a última atualização desta reportagem.
O ex-ouvidor da polícia e ouvidor popular, Claudinho Silva, rechaçou a ação da polícia. “Tentam de todas as formas, despejar as famílias dali, sem oferecer qualquer alternativa digna de moradia para as famílias, praticam o terrorismo de estado para tentar amedrontar as pessoas e para elas não reagirem, mas o Moinho está vivo e vai lutar por respeito, dignidade e cidadania”, afirmou.
Segundo Claudinho, a PM chegou ao território com mais de 10 viaturas, “argumentando que está lá para fiscalizar carros abandonados, mais uma vez agressivos, grosseiros e de forma desmedida usando da força, contra uma comunidade que só quer viver em paz e com dignidade”.
Plano de remoção da Favela do Moinho
- O governo do Estado, sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), planeja remover a Favela do Moinho, última favela remanescente do centro de São Paulo, para dar espaço ao Parque do Moinho, anunciado em setembro de 2024.
- Para isso, desde o início do ano, o governo tem se reunido com os moradores firmado acordos habitacionais por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).
- A Associação de Moradores da Favela do Moinho, contudo, aponta que os valores não são o suficiente para garantir que os moradores permaneçam no centro de São Paulo e critica a política de remoção.
- Além da questão do valor pago, o tamanho das habitações também é apontado como um problema por não atender ao perfil das famílias.
Manifestações de moradores
A associação realizou uma manifestação na tarde de terça (15/4), data em que as remoções estavam previstas para iniciar. O ato, realizado na frente da Câmara Municipal, terminou em confronto com a polícia.
Nesta sexta, os moradores da Favela do Moinho realizaram nova manifestação, reagindo à ação policial que ocorre desde o começo do dia. Em retaliação à PM, a população local ateou fogo em objetos, bloqueando linhas da CPTM.
Linhas da CPTM bloqueadas
A circulação de trens entre as estações Júlio Prestes e Palmeiras-Barra Funda, na Linha 8 – Diamante, foi temporariamente interrompida por conta dos protestos na Favela do Moinho, informou a ViaMobilidade. O território fica localizado próximo à Estação Júlio Prestes.
“Equipes da concessionária acompanham a situação em tempo real, em articulação com as autoridades competentes, e trabalham para restabelecer a operação o mais breve possível”, afirmou a concessionária. Ônibus da Operação PAESE foram acionados para dar suporte no trecho.
Além disso, de acordo com a companhia, avisos sonoros estão sendo emitidos orientando os clientes a utilizarem o serviço, ou, como alternativa, o acesso à Estação da Luz pelas Linhas 3 – Vermelha e 4 – Amarela.
A circulação dos trens do serviço 710 entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Luz também foi interrompida. Segundo o Metrô, a interrupção ocorreu devido à invasão de pessoas na via.
As composições da Linha 7-Rubi estão circulando entre as estações Jundiaí e Palmeiras-Barra Funda, já os trens da Linha 10-Turquesa circulam entre as estações Rio Grande da Serra e Luz. Como alternativa, o passageiro tem como opção as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha do Metrô, que passam pelas estações, informou a companhia.