MPSP pede 70 anos de prisão para PM que matou esposa em clínica

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O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou o sargento da Polícia Militar do estado (PMESP) Samir Carvalho por feminicídio contra a esposa e tentativa de homicídio contra a filha, de 10 anos. Em 7 de maio deste ano, o PM invadiu uma clínica em Santos, no litoral de São Paulo, e matou Amanda Carvalho, com três tiros e 51 facadas. A filha do casal também foi atingida duas vezes, mas sobreviveu.

Em denúncia encaminhada à Justiça em 23 de maio, o promotor Fabio Fernandez busca a condenação do PM à pena mínima de 70 anos de prisão, com as qualificadoras de meio cruel, perigo comum, dissimulação, recurso que impossibilitou a defesa e emprego de arma de fogo de uso restrito.

Além disso, a denúncia leva em consideração os agravantes de crimes praticados contra a mãe na presença da filha e contra a própria adolescente, menor de 14 anos. Foi apresentado ainda pedido para fixação de indenização mínima de R$ 100 mil para os herdeiros da mulher e de R$ 50 mil para a vítima sobrevivente, filha do casal.

Fernandez argumenta que o sargento premeditou o crime, motivado por desentendimentos na relação amorosa. Segundo a investigação, o homem apresentava comportamento frio, grosseiro e violento, chegando a ameaçar e agredir fisicamente a mulher em outras ocasiões.

Crime foi por ciúmes, diz polícia

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Samir Carvalho teria cometido o crime por ciúmes, por acreditar que estava sendo traído pela mulher. Além disso, segundo as autoridades, esse ciúmes seria infundado, pois não havia provas da suposta traição.

Durante a reconstituição do crime, realizada em 22 de maio, com a presença do acusado, a polícia tomou conhecimento de que ele havia chegado à clínica armado. No entendimento da delegada responsável pelo caso, isso significa que o sargento premeditou o crime.

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Um laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Amanda Carvalho, além de três tiros, levou 51 facadas do marido. O agente da 4ª Companhia do 6° Batalhão da PM também efetuou 10 disparos contra a filha do casal, de 10 anos, que foi atingida por dois tiros.

Segundo a última atualização da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Samir teve a prisão convertida em preventiva pela Justiça e permanece detido no Presídio Militar Romão Gomes, na capital paulista. O sargento foi preso em flagrante logo após o delito. Ele foi afastado da Polícia Militar posteriormente.

Invasão em clínica

Segundo o boletim de ocorrência obtido pelo Metrópoles, a mulher chegou à clínica dermatológica acompanhada da filha, “aparentando um comportamento calmo”. O marido chegou na sequência.

Tudo parecia normal, até o momento em que Amanda foi à recepcionista, junto da filha, e contou estar recebendo ameaças do marido, que estava armado. Neste momento, a vítima correu para dentro do consultório de um médico da clínica e a funcionária chamou a polícia. Enquanto isso, o dermatologista trancou o consultório e colocou cadeiras na porta para impedir a entrada de Samir.

Posteriormente, já com a polícia no local, Samir entrou na sala e disparou pelo menos 10 vezes contra a esposa. Amanda morreu no local.

Atuação da polícia

  • Após o acionamento da Polícia Militar (PM) feito pela recepcionista, dois agentes foram ao local, antes mesmo de o crime acontecer.
  • Na clínica, os dois PMs encontraram o sargento do lado de fora da clínica, enquanto a mulher e a filha estavam trancadas dentro do consultório.
  • Depois de uma pré-averiguação, os agentes concluíram que Samir Carvalho estava desarmado, após ele ter levantado a blusa que usava. Com isso, os PMs pediram para o médico abrir a porta.
  • No momento em que o consultório foi aberto, o sargento pegou a arma que estava em uma sala vizinha e disparou pelo menos 10 vezes.
  • Os policiais já estavam deixando o local quando ouviram os disparos. Eles voltaram e encontraram Samir no local do crime e Amanda morta. Ele foi preso em flagrante.
  • Ambos os policiais envolvidos na ocorrência estão sendo investigados por um inquérito policial militar que irá apurar “rigorosamente” o ocorrido.

Quem era Amanda?

Amanda Fernandes Carvalho tinha 42 anos quando foi morta pelo marido, com o qual tinha dois filhos. Ela também tinha um filho de 17 anos, fruto de outro casamento.

Amanda tinha uma vida bem pública nas redes sociais e fazia questão de mostrar em um dos perfis que era casada com Samir e mãe de três filhos, os definindo como os “motivos de viver”.

8 imagensAmanda dizia em suas redes sociais que sua família era o motivo de viverA empresária era bastante ativa nas redes sociais e postava fotos de viagens e conquistas dos filhosAmanda deixou três filhosAmanda jogava no time de vôlei da empresa em que trabalhavaAmanda postava bastante registros da família nas redes sociaisFechar modal.1 de 8

Amanda foi morta pela marido sargento da Polícia Militar na tarde da última quarta-feira

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Amanda dizia em suas redes sociais que sua família era o motivo de viver

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A empresária era bastante ativa nas redes sociais e postava fotos de viagens e conquistas dos filhos

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Amanda deixou três filhos

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Amanda jogava no time de vôlei da empresa em que trabalhava

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Amanda postava bastante registros da família nas redes sociais

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Em nota, o time de vôlei em que Amanda jogava lamentou a morte da atleta

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Amanda dizia que sua paixão era o vôlei e criou uma equipe mista na empresa em que era sócia

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Amanda era sócia de uma empresa de logística com sede na cidade de Santos, mas já atuou no ramo da publicidade. Ela chegou a participar de um vídeo comercial de uma marca de cerveja.

Além disso, era apaixonada por vôlei e fundou o time misto da empresa em que trabalha, que competia em torneios da modalidade na região.