Milícia: veja quanto ganham os PMs do DF investigados pela PF

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Após ter acesso exclusivo à investigação sigilosa da Polícia Federal, que desmontou um esquema de milícia orquestrado por criminosos e policiais militares da ativa no Distrito Federal, a coluna se debruçou sobre o caso e traz detalhes acerca dos PMs investigados por integrar a organização.

Suspeitos de atuar na cobrança violenta de dívidas, sob o pretexto de oferecer “serviços de segurança” a terceiros, Gustavo Roma Agostini tem o cargo de segundo-sargento na Polícia Militar do DF (PMDF) e Diego de Souza Pereira Maia é terceiro-sargento na corporação.

No Portal da Transparência do DF, consta que Gustavo Roma recebe R$ 17,6 mil, enquanto Diego Maia tem salário bruto de R$ 15 mil.

Atuação

A coluna apurou que, dentro do esquema de milícia, os PMs Gustavo Roma e Diego Maia teriam usado suas funções para consultar sistemas internos, levantar endereços, monitorar alvos e participar ativamente das cobranças. Em um dos casos, a dupla teria inclusive viajado a outro estado para intimidar pessoalmente um devedor.

As ações incluíam ameaças, coerção armada, uso de prerrogativas institucionais e extorsões disfarçadas de cobranças legais. A operação, deflagrada em 14 de março deste ano e divulgada em primeira mão pela coluna, foi um desdobramento da Operação Fênix.

A ação expôs como o grupo explorava informações privilegiadas, acesso a bancos de dados da segurança pública e uso da estrutura da PMDF para executar intimidações e garantir impunidade.

A Justiça autorizou o compartilhamento das provas com a Polícia Civil, Receita Federal, Corregedoria da PMDF e Controladoria-Geral da União.

Os crimes investigados incluem extorsão com grave ameaça, formação de milícia privada, organização paramilitar, violação de sigilo funcional e abuso de autoridade.

Como funcionava a milícia:

  • O grupo usava uma empresa sem autorização da Polícia Federal como fachada para prestar serviços ilegais de cobrança.
  • Dois policiais militares do DF participavam diretamente das cobranças, usando a estrutura da corporação para intimidar vítimas.
  • O grupo atuava a mando de terceiros interessados em recuperar dívidas, como agiotas. Os pagamentos eram forçados por meio de ameaças.
  • As abordagens envolviam violência e coação. As vítimas eram obrigadas a assinar notas promissórias e termos de confissão de dívida.
  • Os policiais acessavam sistemas internos para obter informações pessoais das vítimas, como endereços e rotina.
  • Em ao menos dois casos, os integrantes viajaram para outros estados para executar as cobranças.
  • A investigação é parte da Operação Fênix e foi baseada em provas encontradas no celular de um dos investigados.
  • Foram autorizadas prisões temporárias, suspensão de funções públicas, buscas e apreensões e quebra de sigilo bancário.
  • O grupo pode responder por extorsão, milícia privada, organização criminosa, violação de sigilo funcional e abuso de autoridade.

O outro lado

Por meio de nota, a PMDF informou que não comenta assuntos “que estão em sede de investigação e ressalta que não coaduna com desvios de conduta, os quais serão rigorosamente apurados”.

A coluna entrou em contato com a defesa dos envolvidos, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.