Mãe de morto por PM diz que Derrite leva Tarcísio a “vergonha mundial”

Autor(a):

São Paulo — A mãe do estudante de medicina Marco Aurélio Cárdenas Acosta, morto por policiais militares em novembro, escreveu uma carta a Tarcísio de Freitas (Republicanos) cobrando punição aos PMs envolvidos na ocorrência e dizendo que o secretário da Segurança Pública (SSP) arrasta o governador para uma “vergonha nacional e mundial”.

Nessa sexta-feira (10/1), foram divulgadas imagens das câmeras corporais acopladas às fardas dos policiais. Nas imagens, é possível ver o estudante, de 22 anos, encurralado contra uma grade sendo agredido pelos PMs. Alvo de um chute, o jovem segura a perna de um policial, que cai no chão. Enquanto isso, o outro atira em seu peito. Antes de morrer, Marco Aurélio diz “tira a mão de mim”.

Os policiais envolvidos na ocorrência foram denunciados por homicídio qualificado, por motivo torpe. A prisão deles foi solicitada pela Polícia Civil, mas não houve decisão da Justiça.

Assista:

“Eu reclamo ante ti [Tarcísio], por que como mãe eu sei do menino que criei com sacrifício, com coragem e com garra trabalhando para dar a ele o que todo pai quer do melhor”, diz Silvia Mónica Cárdenas Prado, mãe do estudante.

A mulher completa: “Tu tens que entender que esse Derrite está te arrastando a uma vergonha nacional e mundial, mostrando-te ante o mundo como fraco e preso a teus aliados políticos. Te pergunto quem manda no estado de São Paulo? Você ou Derrite?”.

A mãe de Marco Aurélio voltou a dizer que, se providências não forem tomadas, a família irá levar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU) e ao Tribunal Internacional de Haia.

7 imagens

Estudante é encurralado por PMs

PM tenta conter estudante
Estudante segura perna de policial
Estudante segura perna de policial
Estudante segura perna de policial
1 de 7

Estudante é encurralado por PMs

Reprodução

2 de 7

Estudante é encurralado por PMs

Reprodução

3 de 7

PM tenta conter estudante

Reprodução

4 de 7

Estudante segura perna de policial

Reprodução

5 de 7

Estudante segura perna de policial

Reprodução

6 de 7

Estudante segura perna de policial

Reprodução

7 de 7

Estudante empurra policial, que cai no chão

Reprodução

“Se você não quer me contestar eu entenderei perfeitamente. Irei a Liga da Justiça, a ONU e ou, mais provável, ao Tribunal Internacional de Haia, onde se julga genocidas e todo Brasil confirmará o que uma vez falaste que não estas “nem aí”, afirma.

No registro da ocorrência, os policiais alegaram que Marco Aurélio estava “bastante alterado e agressivo” e que ele resistiu à abordagem. Ainda segundo a versão dos PMs, o disparo foi feito quando o estudante “tentou subtrair” a arma de um dos agentes — pelas imagens, não é possível ver o rapaz tentando pegar a arma.

Perseguição

A perseguição policial que resultou na morte de Marco Aurélio teve início após o jovem dar um tapa no retrovisor de uma viatura que fazia patrulhamento na região. O jovem correu para o interior do hotel, onde estava hospedado com uma mulher.

Imagens de câmeras de segurança registraram os últimos momentos do estudante com vida. Ele entra correndo no hotel, sem camisa, enquanto é seguido por Guilherme Augusto. É possível ver o PM puxando o jovem pelo braço, com a arma em punho.

O estudante consegue se desvencilhar, quando outro policial, o soldado Bruno Carvalho do Prado, aparece e lhe dá um chute.

Crise na PM

A morte de Marco Aurélio, em 20 de novembro, ocorreu durante uma série de episódios de violência por parte da Polícia Militar de São Paulo, como um homem jogado de uma ponte em Cidade Ademar e uma idosa agredida com um soco em Barueri.

No início de dezembro, Tarcísio de Freitas chegou a admitir que uma crise havia se instaurado na corporação e que seria necessário rever os métodos de atuação.

“Quando a gente começa a ver reiterados descumprimentos desses procedimentos, a gente vê que há de fato transgressão disciplinar, falta de treinamento. São coisas que chocam todo mundo, chocam a gente também. A gente fica extremamente chateado, triste”, disse Tarcísio a jornalistas.

“Quando tem esses casos, isso mancha demais a instituição, agride a gente. Aí é hora de ter humildade: tem alguma coisa que não está funcionando”, acrescentou o governador.