Julgamento de motorista que matou cicloativista em SP começa nesta 5ª

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São Paulo — Começa nesta quinta-feira (23/1) o julgamento de José Maria da Costa Júnior, motorista embriagado que atropelou e matou a socióloga e cicloativista Marina Kohler Harkot, de 28 anos, na zona oeste de São Paulo, em 7 de novembro de 2020. O júri popular vai acontecer no Fórum da Barra Funda.

O que se sabe:

  • Marina voltava para casa em sua bicicleta quando foi atropelada pelo réu, que, além de estar embriagado, trafegava em alta velocidade e não prestou socorro;
  • Câmeras de segurança flagraram o réu chegando em sua residência após o acidente visivelmente alterado pela bebida e gargalhando;
  • As imagens foram feitas na hora em que José Maria supostamente estava reunindo itens pessoais para fugir e destruindo provas do acontecimento;
  • No início das investigações, o réu ficou foragido. Ele apareceu após advertência do Delegado sobre expedição de mandado de prisão;
  • José Maia da Costa Júnior responde por homicídio doloso qualificado por ter causado perigo comum com sua conduta;
  • O julgamento do motorista havia sido marcado para junho de 2024, mas foi adiado após a defesa do réu apresentar um atestado médico de dengue;
  • A doença não foi comprovada e o Ministério Público de São Paulo requereu instauração de procedimento para investigar a médica responsável pelo atestado.

O júri popular está previsto para começar às 12h30. Familiares e amigos da vítima farão uma vigília às 11h em frente ao Fórum da Barra Funda para reforçar o pedido por justiça.

A família de Marina avalia que o júri popular pode marcar o fim de uma espera de mais de quatro anos por justiça. “O julgamento não irá trazer minha filha de volta, mas é uma resposta a essa sensação de impunidade que acompanha a nossa família e tantas outras pelo Brasil”, afirmou a mãe da vítima, Maria Claudia Kohler.

Marina Kohler Harkot tinha 28 anos e era uma estudiosa de mobilidade urbana e ativismo. Ela era socióloga pela Universidade de São Paulo (USP), cursava doutorado e atuava como pesquisadora do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade / FAU-USP).

Motorista embriagado atropela e mata ciclista

Por volta das 23h50 de um sábado, dia 7 de novembro de 2020, Marina Kohler Harkot trafegava em sua bicicleta pela Avenida Paulo VI, no Sumaré, zona oeste da capital paulista, quando foi atingida por um carro. A jovem morreu no local.

Segundo a Polícia Militar, ela foi atingida por um carro por volta da meia noite. O motorista, o empresário José Maria da Costa Júnior, fugiu sem prestar socorro e a jovem morreu no local.

Ele é acusado de estar dirigindo embriagado e em alta velocidade no momento do acidente, além de ter fugido do local. A denúncia feita pelo MPSP na ocasião registra que, no dia 8 de novembro, em estado de embriaguez, José Maria dirigia pela Avenida Paulo VI e “empreendeu elevada e irrazoável velocidade”, vindo a atropelar Marina Kohler Harkot.

Segundo o promotor Rogério Leão Zagallo, o motorista “realmente assumiu o risco de causar a morte da vítima, sobretudo porque conduzia embriagado um veículo automotor, além de fazê-lo em velocidade absolutamente incompatível com a avenida na qual ele transitava”.

A investigação da Polícia Civil concluiu que José Maria tomou bebida alcoólica momentos antes de dirigir e atropelar Marina. Vídeos de um bar registram que ele estava bebendo. A comanda do estabelecimento informa que o motorista bebeu uísque.

Marina Kohler Harkot

Marina era ativista feminista e de movimentos que defendiam melhores políticas de mobilidade urbana. Levou sua luta também para a vida acadêmica. Sua dissertação de mestrado, “A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo”, é uma referência acadêmica sobre o tema no Brasil e internacionalmente.

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Marina Kohler Harkot

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O empresário José Maria da Costa Júnior, acusado pela morte de Marina Kohler Harkot
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O empresário José Maria da Costa Júnior, acusado pela morte de Marina Kohler Harkot

Reprodução/Câmeras de segurança

Segundo informações de seu currículo Lattes, ela vinha se aprofundando em sua pesquisa de doutorado “no debate sobre segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade”. Na dissertação de mestrado, defendida em 2018, Marina já havia estudado a relação entre gênero, mobilidade e desigualdade.