A Gol, uma das três principais companhias aéreas do Brasil, anunciou no início da noite desta sexta-feira (6/6) a conclusão de seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.
Na semana passada, a empresa já havia informado que estava encaminhando a saída da recuperação judicial para o início de junho, o que se concretizou nesta sexta.
De acordo com o plano de reestruturação da Gol, serão convertidos até US$ 1,7 bilhão de dívidas garantidas e mais US$ 850 milhões de outras obrigações para ações da empresa.
Principal acionista da Gol, o Grupo Abra receberá cerca de US$ 950 milhões em novas ações, além de US$ 850 milhões em dívidas reestruturadas.
Durante o processo de recuperação judicial, a Gol também assegurou US$ 1,375 bilhão em financiamento – incluindo um novo investimento de US$ 125 milhões de credores detentores de notas com vencimento em 2026.
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“Graças ao trabalho árduo de centenas de pessoas, alcançamos o que nos propusemos a realizar quando entramos neste processo no ano passado. Agradeço aos nossos colaboradores, clientes e nossos parceiros financeiros, especialmente a Abra, nossa maior acionista, pelo apoio durante todo esse processo, que foi fundamental para o nosso sucesso”, afirmou o CEO da Gol, Celso Ferrer, em comunicado.
Acordo com último credor
No começo de maio, a Gol havia informado que chegou a um acordo com o último credor, a Whitebox Advisors LLC.
Em documento encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Gol afirmou que o acordo resolve, de forma consensual, uma disputa relativa à contraprestação a todos os detentores dos títulos sêniores conversíveis de 2024, no âmbito do plano de reestruturação financeira da companhia, por meio do o “Chapter 11” – mecanismo jurídico nos EUA que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras.
“A companhia está satisfeita por ter alcançado este acordo com a Whitebox, pois garante o apoio de seu último principal stakeholder econômico e proporciona à companhia um caminho claro para a audiência de confirmação do plano totalmente consensual”, disse a Gol, na ocasião.
Fusão Gol-Azul
A Gol está negociando uma possível fusão com a Azul. Em janeiro, as companhias anunciaram um acordo para o início das tratativas.
Além da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA, a fusão precisará ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Estimativas apontam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado.
Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.
De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol, a futura companhia seguirá o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista. Ainda não há definição sobre os percentuais de participação de cada empresa no negócio.
A ideia é a de que as marcas Azul e Gol continuem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhem aeronaves. A fusão envolverá apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.
A aposta das duas empresas é na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.
Assim como a Gol, a Azul entrou com um pedido de recuperação judicial nos EUA.