São Paulo — Um dos cardeais que participarão do conclave, cerimônia onde o novo papa será escolhido, Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, comentou nesta segunda-feira (21/4) a possibilidade de ser o próximo pontífice.
Questionado por uma jornalista sobre sua expectativa para a escolha, e a torcida dos brasileiros para um papa do país, o cardeal disse que vê com naturalidade as especulações sobre o tema.
“Todos têm o direito de torcer. Evidentemente que agora vêm as especulações e, como aqui no Brasil, no México, nos Estados Unidos, em Portugal, na Espanha, […], em todo lugar vão se fazer especulações e torcidas. Isso é natural”.
Dom Odilo esclareceu que a escolha do papa é resultado do que chamou de “um discernimento coletivo”, em que a situação da igreja e seus desafios são analisados.
“A escolha do papa vem de um discernimento que se faz num clima de oração, de um alto senso de responsabilidade em relação à igreja. Não é salvar uma ideologia, um partido, um gosto. É a grande responsabilidade sobre quem vai conduzir a igreja para desempenhar bem a missão da igreja”.
Relembre a trajetória do papa Francisco
- Filho de imigrantes italianos, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936
- Foi eleito pontífice em 13 de março de 2013. Escolheu a identidade de Francisco em referência a São Francisco de Assis
- O primeiro papa latino-americano sucedeu o alemão Bento XVI após a renúncia
- Bergoglio se formou em química. Decidiu seguir a vida sacerdotal aos 20 anos, em 1957. Trabalhou como professor de literatura e psicologia no início da década de 1960
- Ele concluiu doutorado em teologia pela Universidade de Freiburg, na Alemanha
- Como pontífice, Francisco adotou um discurso mais flexível e chegou a ser duramente criticado. Foi considerado um papa mais progressista
O arcebispo disse que não há “conchavos” feitos anteriormente para a escolha e disse que nenhuma decisão deve ser considerada uma “surpresa”. Ele evitou dizer se tem expectativa de que o próximo papa seja de outros continentes.
“Ninguém deveria se surpreender se fosse escolhido um cardeal africano para ser papa, ou um asiático, ou novamente um italiano. […] Qualquer um que for escolhido como papa receberá o cuidado da igreja como um todo”.
Morte de Francisco
O papa Francisco morreu na madrugada desta segunda-feira (21/4), no Vaticano. Ele se recuperava de duas pneumonias e, recentemente, chegou a passar mais de um mês internado. Nesse domingo, o pontífice chegou a participar da celebração da Páscoa e fez uma fala breve pela paz.
O primeiro pontífice latino-americano a assumir a chefia suprema da igreja católica, visitou o Brasil em 2013 para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), sediada no Rio de Janeiro.
Durante a viagem, ele passou por São Paulo e celebrou uma missa no famoso Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior do estado.
Aproximadamente 12 mil pessoas participaram da cerimônia dentro da basílica e cerca de 200 mil fiéis acompanharam a celebração por meio de telões instalados na área externa da igreja.
A época, o estado era governado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSD). Alckmin também é católico e esteve com o papa Francisco em dezembro de 2024, quando representou o Brasil em visita de Estado ao Vaticano .
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decretou luto oficial de sete dias em todo o estado.