São Paulo — Adalgysa é um dos animais que um instituto de Santos, no litoral de São Paulo, leva para hospitais para realizar “pet terapias”, método que gera bem-estar por meio do contato com um animal. A porca da raça mini pig tem pouco mais de dois anos e se destaca por sua doçura e afetuosidade, segundo o fundador da ONG Instituto TauPet e médico veterinário Wilson Rodrigues, de 52 anos.
Wilson relatou ao Metrópoles que cria Adalgysa desde os primeiros 15 dias de vida da porquinha. “A gente procurou criá-la com laços de afetividade, de carinho, de amor. E mantê-la sempre em contato com muitas pessoas pra ela não se estranhar e ser tolerante com o contato humano”, explicou.
Segundo o veterinário, é importante que um pet de terapia seja calmo, para garantir que o contato com um paciente não seja agressivo ou invasivo, por exemplo. “Gigi”, como foi carinhosamente apelidada, é um exemplo disso. Além dela, o instituto visita hospitais e escolas com um galo, chamado “Hey Hey”.
O resultado, para o veterinário, é claro. “Quando um animal chega no hospital, o ambiente muda. Porque é um lugar pesado, muitas vezes triste. Então, começando pelos pacientes, eles se alegram. Os acompanhantes desestressam, porque eles estão ali naquela rotina, trancados em um quarto. Até os colaboradores do hospital mudam”, descreveu Wilson Rodrigues. “A gente vê o sorriso estampado em todos.”
Veja a porquinha Adalgysa se preparando para a pet terapia:
Phamella de Oliveira, de 42 anos, é uma das fãs da iniciativa. Internada no Hospital Ana Costa, em Santos, ela teve o primeiro contato com Adalgysa nessa quarta-feira (22/1). Phamella é portadora de espondilite anquilosante e, além disso, tem espondiloartrose, fibromialgia e possível artrite reumatoide, um conjunto de doenças que a deixa imobilizada e justifica a necessidade do tratamento hospitalar.
Ela conta que se sentiu muito acolhida com a visita da mini pig Gigi. “Essa visita é a minha conexão com o mundo externo. Eu estou internada desde 11 de janeiro e eu não tinha contato nenhum com o externo. Então quando vem uma visita, um carinho desse, você sai um pouco do clima de tensão de hospital”, revelou.
“O bichinho te dá muito amor sem pedir nada em troca. Faz você ter esperança”, disse a técnica de contabilidade Phamella.
Alívio de ansiedade
Ao Metrópoles, a psicóloga hospitalar Bruna Louise Macedo, do Hospital Ana Costa, explicou que a Terapia Assistida por Animais é responsável por uma melhora no nível da ansiedade, do stress, do controle de dor e do sentimento de solidão em pacientes, sejam crianças ou adultos.
“A gente sabe que ninguém gosta de ficar em hospital. É um ambiente diferente da casa, naturalmente assustador. Então quebrar essa rotina e trazer esse vínculo afetivo com um animalzinho, ainda que não seja o nosso ou o habitual, traz esses benefícios”, afirmou a psicóloga.
Além disso, a pet terapia ainda pode proporcionar melhora em sintomas físicos, como a diminuição da frequência cardíaca e arterial, que explicam o sentimento geral de bem-estar.