São Paulo — Um laudo pericial, anexado ao inquérito policial, desmentiu a versão dada pelo rapper Oruam ao sair da Cidade da Polícia, na zona norte do Rio de Janeiro, na manhã dessa quarta-feira (26/2).
O cantor foi levado para a delegacia por abrigar em sua casa — uma mansão no Joá, zona oeste do Rio — Yuri Pereira Gonçalves, considerado foragido da Justiça. Os policiais foram até o local para cumprir um mandado de busca e apreensão, emitido pela Justiça após o cantor publicar um vídeo em que aparece atirando com uma espingarda calibre 12 em um condomínio de luxo na cidade de Igaratá, no interior de São Paulo.
Veja o vídeo
Oruam foi solto ainda na quarta, por volta das 10h40, após assinar um termo circunstanciado. Na saída, ele foi questionado pela imprensa sobre o disparo e afirmou que a bala era de borracha.
No entanto, ao longo do inquérito policial, obtido pelo Metrópoles, as autoridades constataram que a versão do cantor não é compatível com o que ficou registrado no vídeo publicado.
Segundo a polícia, por meio de prints extraídos da publicação feita pelo próprio artista, é possível ver que o disparo produz uma bola de fogo (Veja abaixo). Além disso, as autoridades conseguem identificar um cartucho vermelho e um forte recuo na arma — típico de uma espingarda calibre 12.
Posteriormente, buscas foram feitas no site da Companhia Brasileiro de Cartuchos (CBC), o que permitiu constatar que a bala disparada pelo artista é indicada para caça, ou seja, munição real (Veja acima).
Considerando o fato do projétil ser real e que havia diversas pessoas no ambiente no momento em que o disparo foi realizado, as autoridades acreditaram que a conduta “se amolda perfeitamente ao disposto no artigo 15”. A lei citada é referente ao fato de “disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime” e prevê penas de 2 a 4 anos de reclusão, além de multa.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) reforçou os pontos apresentados pela polícia em seu posicionamento e ainda afirmou que foi realizado um laudo pericial no material audiovisual coletado.
A prisão de Oruam
Saiba mais
- Oruam foi preso novamente na manhã desta quarta-feira (26/2), no Joá, zona oeste do Rio de Janeiro.
- De acordo com a colunista Mirelle Pinheiro, do Metrópoles, a ação policial fez parte de uma operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), inicialmente voltada para investigar o suposto envolvimento de Oruam no disparo de uma arma de fogo ocorrido em dezembro de 2024, em um condomínio de Igaratá, no interior de São Paulo.
- O objetivo dos agentes era encontrar a arma supostamente usada por Oruam nesse incidente.
- Porém, durante o cumprimento dos mandados na mansão do cantor, os policiais se depararam, inesperadamente, com Yuri Pereira Gonçalves, que estava escondido no local.
- Além do foragido, agentes da Polícia Civil apreenderam uma pistola nove milímetros, cerca de 10 armas de airsoft, joias e celulares. Oruam e o suspeito foram levados para a Cidade da Polícia.
- A mãe do rapper, Márcia Nepomuceno, também foi alvo da operação, e telefones foram apreendidos em sua casa, no Pechincha, em Jacarepaguá.
- Oruam foi solto por volta das 10h40 desta quarta-feira (26/2) após assinar um termo circunstanciado.
- Ao deixar a Cidade da Polícia, Oruam disse aos jornalistas que o amigo Yuri, preso em sua casa, “não é traficante”. “Ele não é traficante. Ele é uma pessoa normal e é meu amigo. Eu não sabia que ele estava foragido. Naquele dia, era bala de borracha”.