São Paulo — As rajadas de vento de 103 km/h na região do Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, nesta quarta-feira (26/2), não pouparam as escolas de samba que davam os últimos retoques em seus carros alegóricos no vizinho Sambódromo do Anhembi. Esculturas se partiram, braços foram arrancados e cabeças ficaram soltas faltando dois dias para o início dos desfiles de Carnaval. Entre os prejudicados, a expectativa é a de reparar os danos o mais rápido possível.
A reportagem do Metrópoles estava em uma barraca na dispersão e presenciou a correria de integrantes das escolas de samba na tentativa de salvar o trabalho de um ano inteiro em meio ao vendaval e ao granizo que assolaram o sambódromo. O vento forte obrigou as agremiações a “ancorarem” os carros alegóricos em plena tempestade.
A Gaviões da Fiel foi uma das escolas mais prejudicadas pela temporal que assolou o Anhembi. Duas esculturas do carro dois foram parar no chão e o próprio gavião do abre-alas tombou.
“São forças da natureza, forças que a gente não controla. Ficamos bastante danificados. A nossa baia está bem de frente, pega todo o vento que vem da Marginal Tietê. Pegou em cheio”, disse Júlio Poloni, um dos carnavalescos da Gaviões.
Apesar dos danos, Poloni afirmou que acredita na recuperação. “O Carnaval é sábado. A gente confia na nossa equipe, estamos fazendo toda correria, desenhando a logística pra ver como a gente vai conseguir recuperar essas peças. Não temos muito tempo pra lamentar, chorar. Temos que ver uma estratégia pra recuperar isso a tempo do nosso desfile”, disse.
As asas de um serafim da Dragões da Real ficaram danificadas durante a tempestade. A estrutura é um dos xodós da escola e, logo que a chuva parou, já passava por reparos.
“Dá desespero, apreensão, mas quando acontece isso com antecedência, como é o caso, também é um ato de se reorganizar e fazer os reparos necessários para que tudo fique pronto até a hora do desfile”, disse Márcio Santana, diretor de Carnaval da Dragões da Real.
Outras escolas também foram prejudicadas pelo temporal, algumas de forma mais intensa.
A Mancha Verde teve a cabeça de um Carlinhos Brown partida na base.
A Colorado do Brás teve esculturas de isopor partidas e arrancadas de carros alegóricos.
A Acadêmicos do Tucuruvi viu uma imensa peça indígena tombar. Ela foi tirada do carro por medo de que, em outra ventania, fosse arremessada na Marginal Tietê.