Incluir um remédio anti-inflamatório no tratamento quimioterápico contra o câncer de intestino pode reduzir os riscos de um retorno dos tumores em alguns pacientes.
É o que revela a revisão dos resultados de um estudo clínico, mostrando que o uso do celecoxibe, um remédio já usado para tratamento da artrite reumatoide, pode aumentar a sobrevida saudável de pacientes com câncer de cólon (porção final do intestino).
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A pesquisa foi feita em pacientes em tratamento pós-operatório que haviam retirado o foco principal de seus tumores altamente desenvolvidos (em estágio 3). Todos os voluntários deste recorte da pesquisa ainda tinham em seus exames de sangue traços de DNA tumoral circulante (ctDNA), marcadores da presença de tumores no organismo.
Pesquisas anteriores mostraram que pessoas com ctDNA em pós-operatório tem maiores riscos de terem uma recidiva dos tumores. Entretanto, aqueles que receberam celecoxibe além da quimioterapia padrão, apresentaram melhora significativa na sobrevida livre de doença.
Os resultados da avaliação foram adiantados neste sábado (25/1) pelos pesquisadores do Dana-Farber Brigham Cancer Center, nos Estados Unidos.
“Este é um dos primeiros estudos a mostrar que o status do ctDNA tem utilidade preditiva na seleção de pacientes que respondem melhor a um medicamento”, diz Jonathan Nowak, patologista do Dana-Farber Cancer Institute e chefe do ensaio clínico, em comunicado à imprensa.
Alto risco do câncer de intestino
Pacientes com câncer de cólon em estágio 3 são tratados com cirurgia e quimioterapia adjuvante para reduzir o risco de recidiva. No entanto, em alguns casos, a doença retorna, tornando o tratamento mais desafiador.
Os pesquisadores sugerem que os marcadores de ctDNA, detectado por exames de sangue, possam ser usados como ferramentas para identificar indivíduos com maior probabilidade de recaída e receber tratamentos com anti-inflamatórios.
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Também conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal, abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso -chamada cólon -, no reto e ânus
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De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de que o problema tenha provocado o óbito de cerca de 20 mil pessoas no Brasil apenas em 2019
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O mês de março é dedicado à divulgação de informações sobre a doença. Se detectado precocemente, o câncer de intestino é tratável e o paciente pode ser curado
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Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação pobre em frutas, vegetais e fibras
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Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também aumentam o risco de câncer do intestino, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC)
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Doses de café pode reduzir em 30% risco de câncer de intestino
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Os sintomas mais associados ao câncer do intestino são: sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração das fezes e massa (tumoração) abdominal
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O diagnóstico requer biópsia (exame de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio)
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O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas
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A cirurgia é, em geral, o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos dentro do abdome. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor
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A manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física, assim como a alimentação saudável são fundamentais para a prevenção do câncer de intestino
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Além disso, deve-se evitar o consumo de carnes processadas (por exemplo salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru, salame) e limitar o consumo de carnes vermelhas até 500 gramas de carne cozida por semana
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Continuação de um estudo
O estudo original, iniciado em 2010, não mostrou benefício estatisticamente significativo com o uso de celecoxibe para todos os pacientes com câncer de intestino. No entanto, avanços na detecção de ctDNA permitiram identificar subgrupos que podem se beneficiar do tratamento, como é o caso daqueles com ctDNA.
Análises dos mil participantes com ctDNA positivo após as cirurgias (cerca de 40% dos envolvidos no estudo original) revelaram que aqueles tratados com celecoxibe viveram mais tempo sem o retorno do tumor do que aqueles que fizeram apenas quimioterapia..
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