“Caça-noia”: prefeitura diz apurar se usuários foram levados de van

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São Paulo — A Prefeitura de São Paulo afirma estar apurando denúncias de que vans teriam transportado dezenas de dependentes químicos para a região do Jardim Tremembé, zona norte da capital. Desde a semana passada, moradores relatam um aumento no número de usuários de drogas, com assaltos e ataques a estabelecimentos.

A chegada nos novos habitantes do bairro ainda não foi esclarecida. Moradores afirmam que os usuários chegaram no bairro com notas de R$ 100, o que, para eles, indica que alguém teria pagado para que eles aceitassem entrar nas vans e ir para a região.

“A Prefeitura informa que está apurando a denúncia sobre o suposto transporte de pessoas para o bairro. Até o momento, não foram encontradas evidências que comprovem essa prática. Ressaltamos que a Prefeitura de São Paulo não compactua com esse tipo de conduta e repudia veementemente qualquer ação dessa natureza”, afirma a gestão municipal em nota.

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Periferia da zona norte de São Paulo

Post no Instagram denuncia concentração de dependentes químicos
Dependente químico caído no solo
Dependente químico caído no solo
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Periferia da zona norte de São Paulo

Renan Porto/Metrópoles

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Incomodados com a presença dos dependentes químicos, moradores do Jardim Tremembé se organizaram por meio do WhatsApp com para tentar expulsá-los, no que ficou conhecido como “caça-noia”.

“Bondao 23h na porta do [Supermercado] Ourinhos para pegar os noia da leste que veio pra quebrada! Agita! Os motoca vão acabar com isso”, dizia um mensagem compartilhada em grupos do bairro.

Eles percorreram as ruas da região, de moto ou a pé, agredindo os dependentes químicos que encontravam pelo caminho com socos, chutes e pauladas. A ação foi registrada em vídeo e divulgada nas redes sociais.

“Pega! Pega noia! Os noia tá correndo mais do que moto (sic)”, diz um homem que filma as agressões, enquanto dirige a sua moto. “Pode vir tropa, tá pegando todo mundo aqui para exemplo. Os polícia tá deixando bater (sic)”, afirma outro.

“Os caras não estão para brincadeira. Pegaram os noias mesmo, foi um bom bonde de mais de 80 moleques. Agora esses noias vão embora”, afirma um homem que grava as agressões da calçada.

Assista:

PCC

A atitude dos moradores irritou integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que passaram a prometer punição às pessoas que aparecem nos vídeos agredindo os dependentes químicos.

Em conversa testemunhada pela reportagem, um integrante da facção disse que quem for visto agredindo os novos “clientes” do tráfico teria que arcar com as consequências. “Não vai morrer, mas vai apanhar, levar um cacete”, disse. “Nós só queremos ganhar dinheiro.” Segundo ele, alguns dos agressores teriam sido identificados e levados para o tribunal do crime.

A orientação crime para os moradores do bairro é que agredir os dependentes químicos só seria permitido caso eles fossem flagrados roubando, conforme diz a faixa estendida próximo a biqueira da região: “Sujeito a cacete. Se for pego roubando, será cobrado à altura”.

Para os traficantes, os motoqueiros que agrediram os dependentes químicos teriam “generalizado”.

Os membros do PCC questionam a veracidade de relatos de moradores do bairro que dizem ter testemunhado roubos e ataques a estabelecimentos. “Cada um fala uma coisa. Um conta uma história, outro vai lá e aumenta. Daqui a pouco, vira uma coisa que não tem nada a ver. A maioria dos noias só quer usar a droga, pedir dinheiro no sinal. É melhor que roubar.”