Uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Ceará, com apoio das forças de segurança do Rio de Janeiro, revelou que integrantes do Comando Vermelho (CV) interferiram diretamente no resultado das eleições municipais de Santa Quitéria, no interior cearense. O esquema envolvia compra de votos, intimidação de eleitores e ameaça ao cartório eleitoral, com base de comando estruturada na comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio.
A operação realizada nesse sábado (31/5) cumpriu mandados de prisão, busca, apreensão e sequestro de bens contra integrantes da facção. Os líderes, que atualmente se escondiam na Rocinha, comandavam à distância ações criminosas no Nordeste, inclusive com participação ativa no pleito de 2020.
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A apuração começou a partir de um acordo de colaboração premiada homologado pelo Ministério Público Eleitoral, no âmbito de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE). O resultado foi a cassação dos mandatos do então prefeito e do vice-prefeito eleitos, além da anulação total da eleição no município.
Na sentença, o Judiciário reconheceu o abuso de poder político e econômico por meio da atuação da facção. A denúncia cita compra de votos, ameaças de represália e até planos de ataque ao Cartório Eleitoral da cidade.
Centro de articulação do crime
Enquanto interferia no cenário político cearense, o Comando Vermelho mantinha refúgio e articulação operacional na Rocinha, onde os líderes foragidos se escondiam sob proteção da estrutura local da facção.
Durante o cumprimento dos mandados no Rio, as equipes apreenderam armas de fogo, drogas, munições e bens de origem ilícita. A ação teve participação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), da Secretaria de Segurança Pública e de forças policiais do Ceará.