“Agradecer a Deus: orar pela família.” Enquanto Thainara Paiva, de 31 anos, lidava com a dor de escolher a roupa que seu irmão caçula usaria no enterro, encontrou um bilhete que expressava, de forma genuína, a essência de quem foi João Lucas Paiva, de 25 anos — morto após ser atropelado por um carro em alta velocidade, em Higienópolis (RJ), na segunda-feira (14/4).
No papel, até então desconhecido pela família, João listava os hábitos que desejava manter com frequência:
“Agradecer a Deus; orar pela família; orar pela Kamilla e pelo nosso casamento; orar pelo meu trabalho; orar pela minha congregação e pelo meu pastor; orar pela minha vida com Deus.”
Abalada com a perda do irmão, por quem nutria profunda admiração, Thainara o descreveu à coluna como “um rapaz precioso”.
“Meu irmão era pacato, tranquilo. Na segunda-feira, dia do acidente, ele visitou o apartamento onde moraria com a esposa após o casamento, marcado para 3 de agosto. À noite, foi trabalhar… e isso aconteceu”, lamentou.
João Lucas foi vítima de um grave acidente enquanto trabalhava na Rua Darke de Mattos. Ele estava sobre uma escada de aproximadamente 4 metros de altura quando um carro, em alta velocidade, atingiu a estrutura. Com o impacto, João foi lançado a quase 10 metros de distância. O motorista fugiu do local sem prestar socorro e, até o momento, continua foragido.
A vítima faleceu na sexta-feira (18/4), após não apresentar resposta neurológica aos estímulos médicos e não evoluir após o procedimento cirúrgico ao qual foi submetido.
Crime
Thainara relatou que esteve na região onde tudo aconteceu e pediu ajuda aos moradores para acessar as imagens das câmeras de segurança. No entanto, os proprietários dos sistemas se recusaram a colaborar.
“Eu não sei o motivo, não sei se estão com medo. Nada vai trazer ele de volta, mas, se depender da gente, isso não vai acontecer com outras famílias”, desabafou, indignada.
A irmã de João também revelou que testemunhas disseram à família que o carro que matou seu irmão parecia estar participando de um racha — uma corrida ilegal de veículos. “Isso porque, além de estar em alta velocidade, ele estava pareado com outro carro, que também corria”, contou.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) informou que “o caso foi registrado na 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso). Agentes realizam diligências para esclarecer os fatos e apurar a autoria do crime.”
João Lucas será velado e sepultado nesta segunda-feira (20/4), no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju (RJ).