No dia em que celebramos os 65 anos da capital federal, preparamos para você o especial “Meu Lugar Favorito em Brasília”. Conversamos com cinco personalidades que são destaque na cidade para descobrir os locais prediletos de cada um na capital federal e outras curiosidades. Confira!
Feira do Guará: o sabor das raízes da chef Babi Frazão
Vencedora do MasterChef Profissionais 2023, a chef brasiliense Babi Frazão não teve dúvidas ao escolher o lugar favorito em Brasília: a Feira do Guará. Para ela, o espaço vai muito além da busca por ingredientes frescos — é uma verdadeira cápsula de memórias afetivas.
“Hoje, pela minha relação com a minha profissão, eu escolho a feira como meu lugar preferido. Desde que eu era pequena, ela sempre foi um lugar que representa muito. A questão da gastronomia, a busca por insumos, ingredientes. Eu adoro ir lá”, conta.
A feira, frequentada por ela desde a infância, se transformou em um programa de fim de semana com os filhos, Marina e Felipe. “A gente pega o metrô, geralmente ali na Asa Sul, que é próximo de onde eu moro, e vai até a feira. A gente toma um café por lá, toma água de coco, come um pastel.”
Mesmo com a rotina agitada entre o restaurante Afeto e a nova marca Caramelou – Paixão por Pudim, Babi segue fiel à cidade que a formou: “Todo mundo achou que eu ia me mudar, que iria sair para São Paulo, mas, realmente, eu amo a minha cidade… Eu realmente me sinto privilegiada de morar aqui.”
Entre o Bezerrão e os palcos: o Gama de Duzão, do Menos é Mais
“Meu lugar preferido em Brasília é a minha cidade, o Gama.” A frase sai com firmeza de quem sente orgulho das raízes. Luiz Fernando da Silva, o Duzão, vocalista do grupo Menos é Mais, nasceu, cresceu e ainda vive no Gama — bairro que representa não só um lar, mas também o berço da trajetória musical e afetiva.
O cantor carrega o nome da cidade no peito e na alma. Torcedor fanático do Sociedade Esportiva do Gama, ele tem memórias marcantes no estádio Bezerrão, onde já vibrou como fã e se apresentou como artista. A relação com o Gama vai além da geografia — é uma construção de identidade, pertencimento e afeto.
Mesmo com o sucesso nacional, Duzão mantém a simplicidade e o vínculo com a quebrada. É no Gama que ele recarrega as energias, reencontra amigos de infância e lembra do início da carreira, quando cantava em bares e eventos locais.
“É o Gama, pô. Eu conheço todo mundo”, resume, com um sorriso.
Em 2016, ao fundar o grupo Menos é Mais, viu a vida mudar com o sucesso do projeto Churrasquinho. A voz potente e carismática de Duzão levou o pagode de Brasília para o Brasil e o mundo, sem jamais esquecer de onde veio. Porque, para ele, o Gama não é apenas o começo — é a essência.
Parque Ana Lídia e a Escola Parque: onde Toninho Euzébio encontrou a arte
Artista visual que coloriu Brasília com murais e ilustrações poéticas, Toninho Euzébio aponta dois lugares que moldaram a trajetória: o Parque Ana Lídia, no Parque da Cidade, e a Escola Parque da 108/109 Sul.
“Gosto demais dos espaços da cidade, mas escolhendo um, diria que é o Parque da Cidade. E fazendo um recorte ainda maior, o Parque Ana Lídia, onde tem o Foguetinho”, destaca.
Foi ali que, ainda menino, Toninho aprendeu sobre convivência, liberdade e imaginação. “Brincávamos no Foguetinho, nas cabanas de índio, e inventávamos estórias. Foi um espaço de muita imaginação e liberdade. Aquele lugar me ensinou sobre colaboração, independência, trabalho em equipe. E isso ficou.”
Na Escola Parque, viveu outro marco: o primeiro prêmio como desenhista. “Foi durante a Facibra, representando o Guará. E hoje, desenhar virou minha profissão”, lembra, com emoção.
Hoje, os traços dele já ganharam o mundo — Nova York, Barcelona, Tóquio — mas, é ao passar pelo Foguetinho que Toninho sorri, lembrando onde tudo começou.
Da infância ao Natiruts: memórias de Alexandre Carlo sobre o Parque da Cidade
Para o músico Alexandre Carlo, conhecido como a voz da banda Natiruts, o Parque da Cidade é memória viva e inspiração constante. Foi onde viveu tardes de pedalinho, domingos de churrasco em família e onde deu os primeiros passos como artista.
“Acho que é o meu lugar preferido em Brasília… Quem viveu a infância nos anos 80 vai lembrar daquele brinquedo do foguete, que era a grande atração da época e que permanece até hoje lá”, conta.
Mais que um reduto afetivo, o parque também virou palco. Alexandre foi um dos primeiros a sugerir shows no espaço com o Natiruts. “É um espaço amplo, distante das áreas residenciais, com estrutura para eventos culturais. Foi uma ideia nossa usar aquele espaço para a música.”
Além do Foguetinho, a Piscina de Ondas está entre as lembranças: “Funcionou por tanto tempo e, de certa forma, supria esse sonho brasiliense de ter uma praia na cidade”, brinca.
Para Alexandre, Brasília pulsa em cada criação. “Esse bioma que nos envolve, o Cerrado, e esse céu que nos cerca, foi uma inspiração primeira para as minhas composições. E ainda continua sendo.”
A primeira e a última paisagem: o carinho de Nathalia Cruz pelo aeroporto de Brasília
A atriz, roteirista e escritora Nathalia Cruz revela que o lugar do coração na capital é o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.
“É a primeira e a última paisagem que vejo quando estou prestes a alagar os olhos porque cheguei ou porque tenho que ir”, afirma ela, que cresceu em Brasília e só percebeu o quanto a cidade a habitava quando tentou viver em outro lugar.
Mesmo com carinho por outros pontos, como o Parque da Cidade e a UnB, Nathalia afirma que nenhum lugar traduz tanto o sentimento de acolhimento quanto o aeroporto.
“Nada representa tão bem o sentimento de abraço — seja ele de chegada ou despedida — do que o Aeroporto de Brasília. E por mais que, até hoje, eu quase nunca consiga diferenciar quando estou indo e quando estou voltando, ele me lembra que tenho motivos para sorrir seja qual for o itinerário”, ressalta.
Ela também enxerga na arquitetura do local um reflexo da própria cidade: “Tem os corredores largos como as ruas, a imponência das grandes retas e os portões que lembram as tantas quadras das asas Sul e Norte. Brasília está ali, em cada detalhe.”