Em crise, Tesla, de Elon Musk, adia lançamento de “carro popular”

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Passando por um período de queda nas vendas e perda de valor de mercado, a Tesla, fabricante de carros elétricos comandada pelo bilionário Elon Musk, adiou novamente o lançamento de uma linha de veículos “populares”, mais baratos e acessíveis ao grande público.


O que aconteceu

  • Entre os modelos que tiveram seu lançamento adiado, estão uma versão compacta do Model Y, o SUV elétrico mais vendido da companhia.
  • O veículo será fabricado nos Estados Unidos e não tem nova data estimada para o lançamento, de acordo com informações da Reuters.
  • A empresa de Elon Musk – que também é dono da Space X e do X (antigo Twitter) – havia prometido o lançamento de veículos mais acessíveis a partir do primeiro semestre deste ano, o que poderia impulsionar as vendas.
  • O objetivo da Tesla é produzir pelo menos 250 mil unidades do Model Y nos EUA em 2026. O novo veículo também pode ser produzido na Europa e na China.
  • Até o momento, a Tesla não informou os motivos para o adiamento do lançamento.
  • A companhia divulgará seus resultados financeiros na próxima terça-feira (22/4).

Vendas em queda e perda de valor

As vendas da Tesla registraram forte queda no primeiro trimestre deste ano, recuando para o menor nível desde 2022.

De acordo com os resultados divulgados pela própria empresa, as vendas caíram 13% no período entre janeiro e março de 2025, o desempenho mais fraco em 3 anos.

Segundo a Telsa, foram entregues 336.681 veículos nos três primeiros meses do ano, o pior resultado desde o segundo trimestre de 2022.

A estimativa média dos analistas era a de que a Tesla vendesse cerca de 390 mil carros no primeiro trimestre. Há 1 ano, a companhia de Musk vendeu 386,8 mil unidades.

No ano passado, Elon Musk havia previsto um crescimento de 20% a 30% nas vendas em 2025.

Em termos de valor de mercado, a Tesla vem afundando desde o início do governo do presidente Donald Trump nos EUA. Apenas entre janeiro e março, a companhia perdeu mais de US$ 650 bilhões.

Protestos e boicote

A Tesla e Musk vêm sendo alvos de protestos nos últimos meses. Várias manifestações ocorreram nos EUA, na Europa e no Canadá.

No começo do mês, pelo menos 17 carros da companhia foram completamente destruídos em um incêndio em uma concessionária nos arredores de Roma, na Itália.

Em março, dezenas de manifestantes se concentraram em frente a uma concessionária da Tesla em Surrey, na província da Colúmbia Britânica (Canadá), exibindo faixas e cartazes contra Musk. A empresa acabou sendo excluída do Salão Internacional do Automóvel de Vancouver por questões de segurança.

Em Las Vegas, nos EUA, carros da Tesla foram incendiados por manifestantes, em um episódio classificado por Musk como “terrorismo”. Também houve ataque semelhante em Kansas City, no estado do Missouri.

A indignação contra o dono da Tesla aumentou desde o início do ano, quando ele assumiu um cargo no governo  Trump – que vem defendendo publicamente a anexação do Canadá pelos norte-americanos e se refere ao país vizinho como o “51º estado” dos EUA.

Musk, que chefia o Departamento de Eficiência Governamental do governo Trump, é um aliado incondicional do presidente dos EUA e recentemente também se envolveu em assuntos relacionados à política da Europa, anunciando apoio ao partido alemão de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), antes das eleições no país realizadas no fim de fevereiro.

Musk também fez críticas ao governo do Reino Unido, liderado por Keir Starmer, do Partido Trabalhista, e à União Europeia (UE), bloco que classificou como “antidemocrático”.