Tunisiano que matou brasileira em atentado cumprirá prisão perpétua

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O tunisiano Brahim Aouissaoui foi condenado na noite dessa quarta-feira (26/2) à prisão perpétua sem redução de pena, a sanção mais pesada do código penal francês, após o assassinato de três pessoas em 2020 na basílica de Nice, no sudeste de França. Entre as vítimas estava a brasileira Simone Barreto, de 44 anos.

Na segunda-feira (24/2), o acusado reconheceu os fatos durante o julgamento em Paris, e confessou que agiu para “vingar os muçulmanos” assassinados pelos ocidentais.

“Sim, reconheço os fatos”, declarou Brahim Aouissaoui, de 25 anos. Ele admitiu pela primeira vez ser o autor do ataque com uma faca de cozinha que tirou a vida de Nadine Vincent, uma paroquiana de 60 anos, o sacristão Vincent Loquès, 55 anos, e Simone Barreto Silva, brasileira, de 44 anos, em 29 de outubro de 2020.

“Não sou um terrorista, sou um muçulmano”, disse o acusado em árabe, traduzido por um intérprete. “Vocês matam muçulmanos todos os dias e não se importam”, acrescentou, dizendo que a escolha das vítimas foi “aleatória”.

“Eu não planejei nada”, mas os assassinatos foram “legítimos”, afirmou.

Segundo os magistrados, o réu já era “uma bomba humana” quando deixou a Tunísia clandestinamente em 18 de setembro de 2020. “O ataque é, na realidade, o culminar de um compromisso jihadista nascido na Tunísia”, resumiu uma advogada. Após seu ato, “ele não demonstrou remorso”, lembrou ela. “Seu ódio pelo Ocidente e pela França permaneceu intacto.”

Advogado destaca “decisão sem ódio”

Em entrevista à RFI, o advogado das famílias das vítimas, Régis Bergonzi, destacou que esta foi a primeira vez que um pedido pela pena de prisão perpétua sem redução partiu do próprio Ministério Público. Para ele, o processo é bastante claro e não há motivos para ser tolerante com o acusado. “O Ministério Público fez questão de mostrar que a decisão foi tomada sem ódio, com reflexão, e chegou a esta conclusão, pela primeira vez, para que este senhor nunca mais possa sair (da prisão)”.

A sentença, também chamada de “perpetuidade real”, foi aplicada antes contra o francês Salah Abdeslam pelos atentados de 13 de novembro de 2015, que deixaram 130 mortos na região de Paris.

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