O casamento-relâmpago entre uma dona de barraca que ganhou na Mega-Sena e um motorista de kombi se desfez por “grosserias” da parte dele, disse a mulher em depoimento à Justiça. A milionária começou a namorá-lo em abril de 2020, ficou noiva em agosto e recebeu R$ 103 milhões da loteria em outubro, dias antes da cerimônia. Mas o matrimônio pereceu em apenas 9 meses e, agora, o homem processa a ex-companheira e cobra a metade do prêmio. O caso foi revelado pela coluna.
Para a empreendedora, que considera o prêmio da Mega-Sena um “milagre”, o homem “não tinha modos”.
“Eu decidi [terminar] pelo simples fato de que ele era uma pessoa muito grossa, não me tratava bem. Teve uma vez que eu saí, já estava casada com ele, aí fui pra um hotel, levei os filhos dele… Isso foi no mês de abril, março, porque tem época que a Páscoa é em março, tem época que é início de abril. Então não lembro exato. A gente já estava casado. Aí tem acho que é… aquelas piscinas que fazem barulho. Aí ele [disse] na frente de todo mundo: “Oxe, parece ela no banheiro. A senhora sabe o que tá fazendo, né?”. Aí eu fiquei muito humilhada, chorei. Ele não tinha modos”, disse.
Já a defesa do ex-motorista alegou à coluna que o divórcio ocorreu quando o homem estava internado para tratar problemas no coração. A mulher nega. “A gente se separou ainda dentro de casa”, afirmou ela, se referindo a um período antes da hospitalização.
Conforme revelado pela coluna, o homem a processa para obter R$ 66 milhões do prêmio da Mega-Sena, que calcula ser metade do valor, mais danos morais e materiais. No divórcio, a ex-dona de barraca já havia lhe doado R$ 10 milhões. A identidade dos dois será preservada pela coluna por motivos de segurança.
Entenda a disputa judicial
Uma das discussões levantadas pela defesa do ex-marido gira em torno do relacionamento que os dois tiveram antes do casamento. O homem alega que ambos viveram uma união estável durante esse período e, portanto, ele teria direito a uma parte do prêmio da Mega-Sena.
Judicialmente, toda união estável não registrada em cartório, mas depois comprovada, ocorre em comunhão parcial de bens. Isso daria a ele metade do prêmio da Mega-Sena, conforme pediu na Justiça. Mas esse tipo de união precisa ser duradoura, pública e com intenção de constituir família para ser caracterizada como tal. O relacionamento dos dois, no entanto, durou apenas sete meses entre o início do namoro e o casamento, e eles sequer moravam juntos.
Para tentar comprovar a união estável, o homem alegou que os dois tinham relações sexuais antes do casamento e acrescentou que dormiam juntos em um colchonete de solteiro dentro da barraca dela. “Às vezes, você tem uma mulher que é fogosa, né? Não tem como segurar”, afirmou. A mulher, por sua vez, nega a intimidade. Em depoimento, ela explicou ser evangélica e assegurou que “não teve nenhum contato” com ele antes do matrimônio. A empreendedora acrescentou que ficaram noivos com pouco tempo de namoro pois “a igreja não quer que demore muito tempo para não fazer ato sexual antes de se casar”.
O homem acrescentou que os dois tinham uma conta-conjunta bancária, mas que nunca fizeram movimentações financeiras. Documento da Caixa Econômica juntado ao processo, porém, aponta que se trata de uma conta individual.
A defesa dele afirmou à coluna, ainda, que os números e o dinheiro apostado na Mega-Sena eram dele. Novamente, ela nega.
O processo da Mega-Sena
Além do casamento em separação total de bens, consta na certidão de divórcio que não havia bens a partilhar.
O processo, obtido pela coluna, foi impetrado na Justiça um ano após o fim do relacionamento, porque, justifica a defesa, ele estava com medo do “poderio econômico” dela. A Justiça mandou bloquear 50% dos bens dela, o correspondente a R$ 66 milhões, em dezembro de 2023. Porém, só encontrou R$ 22,5 milhões em contas diferentes. Uma decisão de fevereiro passado liberou 10% desse valor.
Nos autos do processo, constam doações dela ao então marido e aos filhos dele. Amigas também foram agraciadas financeiramente, com quantias por volta de R$ 100 mil a R$ 120 mil, de acordo com depoimento dela.
Segundo a defesa dela disse à coluna, a mulher chegou a mudar de cidade por razões de segurança diante da fortuna obtida com a Mega-Sena. Vive, hoje, com parte do prêmio, já que a Justiça bloqueou o restante a pedido dele.