Antes da posse de Trump, Rússia e Irã estreitam laços e assinam acordo

Autor(a):

Rússia e Irã vão estreitar os laços e assinar um acordo de parceria estratégica, a quatros dias da posse presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos. O documento será assinado em Moscou nesta sexta-feira (17/1), durante encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Masoud Pezeshkian.

Relações com Trump

  • Em seu primeiro mandato, Donald Trump manteve uma postura crítica e incisiva contra o Irã. O principal foco de tensão entre os EUA e o país, na época, era o programa nuclear iraniano.
  • A mando de Trump, os EUA assassinaram o ex-general Qassem Soleimani, em 2020. O episódio rende ameaças vindas do país persa contra o novo presidente norte-americano até hoje.
  • Ainda não está claro qual será a política adotada por Trump em relação aos iranianos. Contudo, comentários feitos durante a corrida presidencial indicam que a relação entre EUA e Irã continuará sendo foco de tensão. 

Em um comunicado, o Kremlin afirmou que o acordo prevê a cooperação nas áreas militar, política, comercial, econômica, científica, cultural e humanitária. O embaixador do Irã em Moscou, Kazem Jalali, revelou que o texto possui 47 artigos.

Apesar de uma parte do tratado ser voltado para a defesa, o chanceler do Irã, Abbas Araghchi, afirmou que o acordo não visa “estabelecer uma aliança militar”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também sinalizou que o estreitamento de laços entre Moscou e Teerã não visa outras nações.

“O tratado mencionado estará alinhado com as aspirações dos povos dos dois países vizinhos amigos, Rússia e Irã, cuja cooperação não é direcionada contra os interesses de ninguém”, disse Peskov à mídia estatal do irã, na quarta-feira (15/1).

Fator Trump

A renovação da aliança entre Rússia e Irã, que assinaram um acordo de cooperação em 2001 com duração de vinte anos, posteriormente estendido, acontece em meio às incertezas vindas dos EUA.

Desde o seu primeiro mandato, Trump é conhecido por uma postura crítica e forte contra o país liderado pelo aiatolá Ali Khamenei. Foi sob o seu comando que os EUA assassinaram o ex-general Qassem Soleimani, um dos nomes mais fortes do Irã na época, o que ainda rende ameaças até hoje contra o novo presidente norte-americano.

Durante a corrida presidencial nos EUA, o Irã foi citado por Trump em algumas ocasiões. Em uma delas, o republicano deixou em aberto a possibilidade de entrar em guerra com os iranianos. 

Apesar da série de coincidências, o governo de Vladimir Putin – que mantém uma relação amistosa com Trump – negou que a data da assinatura do acordo tenha qualquer ligação com a chegada do republicano na Casa Branca.

“Vários rumores alegando que a assinatura do Tratado sobre Parceria Estratégica Abrangente entre a Rússia e o Irã foi agendada para uma data logo antes de Trump chegar ao poder só podem fazer sorrir. Deixe os defensores das teorias da conspiração se entreterem”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.