Deepfake do Mion: trio mantinha falso escritório de marketing no DF

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O grupo criminoso que usava tecnologia deepfake para se passar pelo apresentador Marcos Mion (foto em destaque) e cometer golpes digitais mantinha um falso escritório de marketing na região administrativa de Taguatinga, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Os investigados pelo esquema foram alvo de operação da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) nessa quarta-feira (15/1), quando três pessoas acabaram presas.

À frente das investigações, o delegado Eduardo Dal Fabbro contou à reportagem que os presos, com idades de 20 a 23 anos, são sócios em uma empresa e moram em Taguatinga e Águas Claras. Porém, com a atuação em um escritório de fachada, o trio fez vítimas pelo Brasil inteiro.

“Eles tinham um escritório em Taguatinga, onde praticavam o crime. Eles chegaram a alegar que no local trabalhavam com marketing, mas, na verdade, o endereço era usado para prática dos crimes”, afirmou o delegado.

Os presos devem responder pelos crimes de fraude eletrônica, associação criminosa e lavagem de dinheiro, cujos tempos de pena máxima somados podem chegar a 21 anos.

Veja:

 

O esquema

A operação resultou de um monitoramento efetuado pela DRCC nas mídias sociais. Os detidos vendiam vouchers do restaurante Outback nas plataformas com uso da imagem do apresentador Marcos Mion, forjada por inteligência artificial.

A vítima, então, entrava no link disponibilizado, respondia a algumas perguntas e supostamente teria direito a um rodízio para duas pessoas no restaurante, pelo valor de R$ 64,90. Depois de efetuar a transferência, contudo, os compradores não recebiam o voucher prometido.

Sem receberem o vale, as vítimas procuraram unidades do restaurante para pedir informações, momento em que descobriam ter caído em um golpe. Além de usar a imagem de Mion, o trio deu golpes com falsos vouchers de postos de gasolina.

Para atrair os alvos, os presos impulsionavam os anúncios golpistas nas mídias sociais, por meio de publicações fraudulentas patrocinadas. Até a mais recente atualização desta reportagem, 25 boletins de ocorrência haviam sido registrados. A polícia procura por mais vítimas do golpe.

“Eles usavam inteligência artificial para emular a voz do apresentador e, durante a campanha publicitária, a vítima conseguiria alguns descontos”, segundo o delegado da DRCC.

A Justiça havia expedido dois mandados de prisão temporária e quatro de busca e apreensão contra os investigados. Um dos suspeitos confessou a prática dos crimes.

A DRCC ainda apurou que, só no Distrito Federal, dezenas de vítimas sofreram prejuízos ainda não calculados. A PCDF também flagrou o cumprimento dos mandados judiciais, o que resultou na prisão em flagrante de três suspeitos.

Os policiais também apreenderam dois veículos importados, assim como documentos, dispositivos eletrônicos e outros materiais relacionados à prática dos crimes.

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Dezenas de vítimas foram lesadas no Distrito Federal

PCDF apreendeu dois veículos importados, assim como documentos, dispositivos eletrônicos e outros materiais
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Três foram presos em flagrante

Material cedido ao Metrópoles

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Dezenas de vítimas foram lesadas no Distrito Federal

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PCDF apreendeu dois veículos importados, assim como documentos, dispositivos eletrônicos e outros materiais

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A ação contou com o apoio técnico do Instituto de Criminalística (IC) da PCDF, que efetuou análises especializadas para identificação e coleta de evidências digitais.

Essa foi a primeira operação da DRCC após a incorporação dela à estrutura do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor), da Polícia Civil do Distrito Federal.