Derrite: próximo passo é descobrir quem mandou matar delator do PCC

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São Paulo — O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que o próximo passo da Força-Tarefa das polícias após a prisão de 15 pessoas em operação da Corregedoria da PM é descobrir quem mandou matar o delator do PCC, Antonio Vinicius Lopes Gritzbach.

“A gente precisa agora juntar todas as peças desse quebra-cabeça, todas as informações, tudo que for coletado e extraído dos aparelhos celulares desses policiais que foram presos na data de hoje, dividir essas informações com a força-tarefa, para que aí a gente avance, que é o nosso objetivo, e a gente não vai parar enquanto não conseguir comprovar quem foi o mandante do crime. Ainda não se tem uma suspeita pré-definida”, disse ele em coletiva de imprensa sobre a operação.

O que se sabe até o momento:

  • Quinze investigados na operação foram presos na manhã desta quinta-feira, incluindo o policial militar que executou Gritzbach a mando do PCC;
  • Foram cumpridos 15 mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão em endereços na capital e na Grande São Paulo;
  • Apurou-se que policiais militares prestavam escolta privada a Gritzbach, apesar de seu histórico criminal. As investigações apontaram que tais ações caracterizavam a integração de policiais à organização criminosa, conforme previsto na Lei Federal nº 12.850/13;
  • A reportagem apurou que, além dos policiais que faziam a escolta de Gritzbach, um PM atirador é alvo da operaç
  • A Operação Prodotes teve início após uma denúncia anônima recebida em março de 2024, apontando possíveis vazamentos de informações sigilosas que favoreciam criminosos ligados ao PCC;
  • A investigação inicial, conduzida pela Corregedoria, evoluiu para um Inquérito Policial Militar instaurado em outubro de 2024. Apurou-se que informações estratégicas vazadas por policiais militares, incluindo da ativa, da reserva e ex-integrantes da instituição, permitiam que membros da organização criminosa evitassem prisões e prejuízos financeiros;
  • Entre os principais beneficiados pelo esquema, estavam líderes e integrantes da facção criminosa PCC, alguns já falecidos, outros procurados, como Marcos Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, e Silvio Luiz Ferreira, apelidado de “Cebola”;
  • A operação conta com a colaboração da força-tarefa instituída pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), que busca identificar outros envolvidos e eventuais mandantes do crime;
  • “A Polícia Militar reitera seu compromisso com a ética e a legalidade, combatendo com rigor qualquer desvio de conduta que comprometa a confiança da sociedade”, diz nota enviada ao Metrópoles.

De acordo com Guilherme Derrite, o PM responsável pelos disparos ainda não foi ouvido. Ele espera que o depoimento dele também ajude a identificar o segundo atirador. “Ele ainda não falou, deve fazer isso na presença do seu advogado e a prisão dele é muito importante para isso.” O secretário disse confiar que novas provas serão encontradas nos celulares dos policiais presos na operação.

Para a polícia, o atirador não teria relação com os policiais que atuavam na escolta ilegal do delator. A segurança dele era composta por um grupo grande de policiais militares, dentre eles, dois tenentes.

“Os (policiais) que estavam realmente na escolta foram presos. Só que nessa escolta ilegal, realizada por esses policiais miliares, alguns estavam trabalhando naquele dia, outros trabalhavam em outras datas e não estavam naquele momento em serviço. Inclusive, tem dois tenentes que participavam, não diretamente na função como segurança, mas realizavam uma função administrativa desse grupo. E contra todos eles foi realizado mandos de busca e prisão”, disse Derrite.

Caso Gritzbach

Vinícius Gritzbach, de 38 anos, foi executado no dia 8 de novembro de 2024, na frente de sua namorada e de dezenas de testemunhas na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. Foram disparados, ao todo, 29 tiros de fuzil.

Ele era jurado de morte pelo PCC e acabava de retornar de uma viagem ao Nordeste, onde permaneceu sete dias com a namorada e seguranças particulares, entre eles um policial militar.

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Gritzbach chegou a ser preso, mas foi solto em 7 de junho

Segundo o MPSP, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach
Gritzbach e a namorada
Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ
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Rival do PCC, empresário Vinícius Gritzbach foi morto em atentado no aeroporto de Guarulhos

Câmera Record/Reprodução

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Gritzbach chegou a ser preso, mas foi solto em 7 de junho

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Segundo o MPSP, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC

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Antônio Vinicius Lopes Gritzbach

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Gritzbach e a namorada

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ

Divulgação

Em uma delação explosiva, Gritzbach detalhou como a facção lavava dinheiro, além de revelar as extorsões realizadas por policiais civis. Tanto policiais civis quanto militares investigados pela força-tarefa foram afastados de suas funções.

PMs presos em operação

O tenente Giovanni de Oliveira Garcia, apontado como o responsável por escalar policiais militares para fazer a segurança particular de Vinícius Gritzbach, e mais quatro PMs que faziam a escolta do delator do PCC integram a lista dos 13 presos na operação da Corregedoria da Polícia Militar.

Os soldados Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima e o cabo Leandro Ortiz ficaram encarregados de receber Gritzbach em sua volta de viagem no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no dia em que ele foi assassinado. O PM identificado como o autor dos disparos que mataram Gritzbach também foi preso. O nome dele não foi divulgado até a publicação desta reportagem.

O que se sabe sobre os PMs

  • Giovanni de Oliveira Garcia, de 32 anos, ingressou na corporação em 2014.
  • Ele se tornou tenente após concluir o curso de formação de oficiais, na Academia do Barro Branco, na zona norte da capital paulista. Já oficial, Giovanni passou por diferentes batalhões da capital paulista, como o 37º BPM, na região do Capão Redondo, zona sul; e o 18º BPM, na zona norte. Em setembro de 2021, o oficial foi transferido para o 23º BPM, na zona oeste, onde permanece até o momento.
  • Fontes da Polícia Militar afirmaram que, chamado de “Chefinho” entre seus subordinados, o tenente Giovanni seria o responsável pela administração de uma rede de policiais escalados para realizar bicos ilegais como seguranças particulares, incluindo escolta de clientes com alto poder aquisitivo, principalmente em regiões nobres da cidade de São Paulo — como Itaim Bibi e Faria Lima.
  • De acordo com o Portal da Transparência do governo estadual, o tenente recebeu R$ 15.900 líquidos, em setembro deste ano, como pagamento.
  • Apesar de ser proibido pela PM, o serviço de segurança particular era oferecido pelo tenente, que fazia o elo entre PMs interessados e Gritzbach, afirmam depoimentos obtidos pelo Metrópoles.

Soldado Adolfo Oliveira Chaves:

  • Em seu relato à Corregedoria, o soldado Adolfo afirmou que “foi convidado” para trabalhar para a família do delator “pelo 1º tenente PM Garcia do 23º Batalhão da PM [23º BPM]”.
  • O oficial, diz o soldado, “administra atividade de segurança particular para exercer as atividades de segurança da família [de Gritzbach]”.
  • O soldado Adolfo acrescentou à Corregedoria que trabalhou com a segurança de Gritzbach e familiares dele por cerca de dez meses, em 2023.
  • O PM pediu para deixar de prestar o serviço após saber, “por meio da mídia”, que Vinícius Gritzbach “tinha envolvimento com o crime organizado, PCC”.
  • Quando foi pedir as contas, ele não mencionou ao oficial do 23º BPM que a motivação era o elo de Gritzbach com a facção.
  • Ele comunicou ao tenente Garcia que deixava o serviço “por achar que estava perigoso”, reforçando que “não citou a informação de organização criminosa a ninguém”.
  • Apesar disso, o soldado voltou a trabalhar na segurança de Gritzbach, dias antes do assassinato, mesmo sabendo sobre “as atividades ilícitas” do cliente.
  • Ele alegou ter aceitado o trabalho “em razão de sua precária condição financeira”, mesmo realizando os bicos oficiais da PM, os quais, de acordo com o soldado, “não são suficientes para suprir suas necessidades”.

Soldado Silva Marques de Souza:

  • O soldado Jefferson, de 29 anos, afirmou que trabalhou como motorista particular para a família do delator do PCC “esporadicamente”, por um mês e meio. Ele acrescentou que foi a primeira vez que atuou como segurança particular e que conseguiu o bico ilegal por intermédio do tenente Garcia.
  • Jefferson disse ainda conhecer o oficial desde 2019, quando ambos trabalharam juntos na Força Tática do 18º BPM, o mesmo batalhão onde estão lotados os três PMs cujos relatos a reportagem teve acesso.

Soldado Samuel Tillvitz da Luz: 

  • O também soldado Samuel Tillvitz da Luz, de 29 anos, realizou a segurança particular de Gritzbach e da namorada do delator, acompanhando o casal durante sete dias em uma viagem na região nordeste. Eles foram até Maceió (AL) para procurar imóveis de aluguel, com o intuito de passar as festas de fim de ano.
  • No retorno, quando desembarcou no aeroporto de Guarulhos, Gritzbach foi executado, na frente de Samuel, cuja contratação foi viabilizada pelo tenente Garcia, como afirmado pelo soldado em depoimento.
  • Como mostrado pelo Metrópoles, o soldado Samuel prestava serviço de segurança ao delator há pelo menos um ano.
  • Ele confessou ter levado a arma de uso profissional, pertencente à PM de São Paulo, para realizar a segurança contratada de forma particular na viagem que, segundo ele, aconteceu durante um “afastamento regulamentar” obtido por folgas mensais acumuladas.
  • Ainda no depoimento que prestou à Corregedoria da PM, o soldado disse desconhecer que Gritzbach era acusado de homicídio, lavagem de dinheiro e jurado de morte pelo PCC. Além disso, disse que não reagiu ao ataque feito com 29 tiros de fuzil na área de desembarque para “proteger a própria vida”.