Pesquisadores do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia da China (NCNST) desenvolveram um método inovador que conseguiu reverter danos causados pela doença de Parkinson em camundongos.
Utilizando nanopartículas de ouro, o estudo mostrou que é possível estimular as células cerebrais produtoras de dopamina e restaurar parte dos neurônios danificados pela doença.
A dopamina é um neurotransmissor crucial para o controle dos movimentos do corpo. Em pacientes com Parkinson, os neurônios responsáveis por sua produção são prejudicados pelo acúmulo de uma proteína chamada alfa-sinucleína, que forma aglomerados insolúveis, conhecidos como fibrilas, e compromete gradualmente a função motora.
No centro da pesquisa está um nanosistema feito de partículas de ouro extremamente pequenas, com cerca de 160 nanômetros, revestidas com anticorpos e compostos químicos peptídicos.
O sistema foi projetado para desempenhar duas funções: aumentar os níveis de dopamina no cérebro e quebrar os depósitos de alfa-sinucleína que obstruem os neurônios.
Após a entrega dessas nanopartículas no cérebro, elas se conectam aos neurônios-alvo com a ajuda dos anticorpos e são ativadas por luz quase infravermelha, emitida de fora do crânio. A luz é convertida em calor pelas partículas, o que desencadeia o reparo das células e a liberação de peptídeos que ajudam a eliminar as fibrilas de proteína.
“Essas ações orquestradas restauraram neurônios dopaminérgicos patológicos e comportamentos locomotores da doença de Parkinson”, escreveram os autores no estudo publicado na revista Science Advances em 15 de janeiro.
Diferença em relação ao tratamento tradicional do Parkinson
O método se diferencia dos tratamentos tradicionais contra o Parkinson, que frequentemente envolvem medicamentos para elevar os níveis de dopamina. Embora eficazes no início, eles podem causar efeitos colaterais, como tremores e outros sintomas indesejados.
Em vez de simplesmente fornecer mais dopamina ao corpo, a nova abordagem “desperta” os neurônios danificados, fazendo com que eles retomem a produção do neurotransmissor naturalmente.
“Um sistema terapêutico ideal para reduzir o acúmulo de agregados de alfa-sinucleína, o que tem sido um grande desafio, desagregaria simultaneamente as fibrilas de alfa-sinucleína e iniciaria o processo autofágico”, explicaram os pesquisadores.
Apesar dos resultados promissores, a técnica ainda está em fase inicial e foi testada apenas em camundongos e modelos celulares. Antes de ser aplicada em humanos, será necessário realizar mais estudos sobre os mecanismos do tratamento, além de ensaios clínicos para avaliar a segurança e eficácia.
Ainda assim, o estudo traz motivos para otimismo. Nos experimentos com camundongos, o nanosistema não apenas apresentou resultados significativos no combate aos danos causados pela doença, como também não provocou efeitos colaterais em outras áreas do cérebro.
Além disso, o sistema pode ser ativado sem fio, ou seja, pode ser controlado remotamente, dispensando procedimentos invasivos adicionais.
“No geral, o estudo traz informações importantes para futuras pesquisas que buscam expandir o uso da estimulação cerebral profunda, sem a necessidade de implantar novos conduítes ou realizar manipulação genética”, destacaram os cientistas.
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