Bannon diz que Musk é “racista”: o motivo da briga na direita dos EUA

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O grande ideólogo da direita americana, Steve Bannon, amigo da família Bolsonaro, abriu guerra contra Elon Musk. Acha que o homem mais rico do mundo, dono da Tesla, da Starlink e da rede social X, tem o único objetivo de se tornar o primeiro bilionário a ascender à categoria de trilionário, e que esse é o motivo de ter grudado em Donald Trump.

Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, ele disse que Elon Musk é uma “pessoa verdadeiramente malvada” e que “detê-lo se tornou para mim uma questão pessoal”. Steve Bannon afirmou que não está mais disposto a tolerá-lo e que fará de tudo para afastá-lo do presidente eleito dos Estados Unidos — cujo entorno, aliás, já estaria cansado da presença constante de Elon Musk.

Steve Bannon foi o estrategista da campanha de Donald Trump, em 2016, e continua a ser um dos seus principais conselheiros. É a grande voz do movimento ultraconservador Make America Great Again (Maga).

Ele demonstrou a sua fidelidade ao presidente eleito ao recusar-se a colaborar na investigação sobre a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Passou quatro meses em cana por causa disso, um preço alto, embora não sejam US$ 250 milhões, valor visível que Elon Musk repassou à campanha de Donald Trump, afora o serviço prestado pelo algoritmo do X.

O âmago do ódio de Steve Bannon pelo desafeto bilionário, afora o ciúme inevitável de quem se acha dono de alguém, manifestado em todas as afinidades eletivas, sejam elas no terreno minado do amor, da amizade ou da colaboração profissional, é a emissão dos vistos americanos H-1B, que permitem a estrangeiros especializados, de grande qualificação profissional, trabalhar em território americano.

Elon Musk se disse favorável a que os vistos continuem a ser emitidos como sempre foram, embora depois tenha recuado e afirmado que é preciso uma reforma na política de concessão. Steve Bannon é totalmente contra a emissão. Acha que os vistos H-1B tiram empregos de americanos ultraqualificados, de todas as classes e etnias, e que só servem aos interesses dos bilionários do Vale do Silício, que pagam salários mais baixos aos estrangeiros imigrados.

O dado nem tão curioso assim é que, nesse aspecto, Steve Bannon se alinha com o ultraesquerdista Bernie Sanders, do Partido Democrata, em mais uma demonstração da correção da teoria da ferradura, segundo a qual os extremos ideológicos se aproximam.

Bernie Sanders escreveu no X que os vistos H-1B substituem “empregos americanos bem pagos por servos estrangeiros contratados” e, com isso, “os bilionários fazem dinheiro”.

“Peter Thiel (PayPal), David Sachs (idem) e Elon Musk são todos sul-africanos brancos. Deveriam voltar para a África do Sul. Por que temos sul-africanos brancos, as pessoas mais racistas do mundo, comentando sobre tudo o que acontece nos Estados Unidos?”, disse Steve Bannon ao Corriere della Sera.

A demarcar a sua diferença com Bernie Sanders, o ideólogo afirmou que os democratas sempre beneficiaram esses “senhores feudais da tecnologia”, que os financiavam, e que só agora mudaram de discurso. “O problema é que os senhores feudais da tecnologia usam os vistos para tirar vantagem e as pessoas estão furiosas. Setenta e seis por cento dos engenheiros no Vale do Silício não são americanos. É uma parte central para retomar a nossa economia. São os melhores empregos, e negros e hispânicos não têm acesso a eles”, disse Steve Bannon ao Corriere della Sera.

O ideólogo do Maga também relatou ao jornal italiano que colocou várias vezes Elon Musk para fora da Casa Branca, em 2017, quando ele “procurava obter subsídios pagos pelos trabalhadores americanos, na prática impostos cobrados de pessoas que ganham US$ 35 mil por ano, para a reescrita do software da Tesla. “Não tenho necessidade de falar com Elon Musk, sei o que ele quer”, concluiu Steve Bannon.

Compre pipoca para assistir a a essa briga de Steve Bannon contra Elon Musk, se é que eles não vão se compor em algum momento.